Dia 25 de janeiro é aniversário de São Paulo. Completa 454 anos, do dia em que os padres Manuel da Nóbrega e Anchieta rezaram lá entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, e dedicaram a igrejinha que ergueram e a vila que se iniciava ao apóstolo dos gentios. Não consigo achar nada mais adequado para se batizar uma cidade do que a homenagem a Paulo de Tarso. Ele foi aquele que abraçou o Cristianismo tardiamente, mudando de caminho numa conversão radical, e a partir daí mergulhando num turbilhão de perseguições e desenganos. É que São Paulo, para muita gente, tem esse caráter de recomeço, mudança de caminho, reconstrução de vida. Mesmo para mim, que nasci aqui, no estado de São Paulo, cidade de São Paulo, maternidade São Paulo (aquela pertinho da avenida Paulista), a vida é uma sucessão de sustos, mudanças, escolhas e novos começos. Sempre.
Logo que este ano começou meu marido encontrou uma raridade num sebo de discos: a gravação da Paulistana, retrato de uma cidade, de Billy Blanco. É uma quase-sinfonia, uma suíte com 15 canções sobre a metrópole. Muita gente conhece uma delas, a que é tocada todo dia às 7 da manhã na rádio Jovem Pan; e nós, paulistanos, não podemos deixar de sentir a emoção do amanhecer da cidade ao ouvir o refrão:
São Paulo que amanhece trabalhando
São Paulo que não pode adormecer...
Eu me emociono, sei lá por quê. Talvez seja porque apesar de todos os problemas, confusões e congestionamentos, adoro minha cidade, e não queria viver em nenhum outro lugar do mundo.