sábado, 20 de dezembro de 2008

αντοχή του δράκου

A Força do Dragão

Já faz algum tempo que leio sobre dragões, coleciono dragões, escrevo sobre eles e os desenho. A força e o simbolismo desse animal fantástico me fascinam. O Dragão simboliza serenidade, sabedoria, poder – não, porém, poder material: poder espiritual, força interior, o fogo interno que existe em cada um de nós e que pode irromper a qualquer instante.

Em momentos de transição, como nesta passagem de ano, é ao poder do Dragão que eu recorro para transmitir aos amigos meus votos de serenidade, sabedoria e força.

Que seu fogo interior brilhe e que seu dragão particular alce vôo em 2009, alcançando novas e maravilhosas alturas...

Rosana Rios



quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Lançamento do livro "Tempo de Travessia"




O SEGREDO DAS PEDRAS:

Uma Trilogia Fantástica
genuinamente brasileira


Lançamento:
29 de novembro de 2008, sábado

Das 15 às 17h30

Livraria Cultura do Conjunto Nacional -
Av. Paulista, 2073

ATENÇÃO: às 16 horas haverá no local a apresentação musical "Caminho das Pedras", com Regina Rios (voz) e Caue Prado (violão)!

As autoras Rosana Rios e Eliana Martins dão prosseguimento à saga que começou no livro O Último Portal, com o lançamento de Tempo de Travessia, o segundo volume da trilogia O Segredo das Pedras, da editora Companhia das Letras. O próximo volume a sair, que fecha a trilogia, é A Roda de Fogo, todos com ilustrações de Negreiros.

Nessa série de literatura fantástica não há elfos, anões ou aprendizes de magia: passa-se no Brasil e carrega o leitor em uma viagem pelo universo da mitologia, para conhecer os Sete Portais que levam ao mundo subterrâneo – parecido com aquele de que Júlio Verne falou, e onde vão parar muitas pessoas que somem neste mundo...

Os jovens Caio e Dara, junto com a veterinária aposentada Safira e o cachorro Basalto, tentam encontrar o professor Feldspato, o geólogo que descobriu o Mundo das Pedras e desapareceu misteriosamente... E enfrentarão abismos tremendos, monstros míticos, criaturas inescrupulosas e inimigos patéticos como Valdionor Porfírio e Ladislau Granito.


Sobre as Autoras:

Eliana Martins - escritora paulistana com cerca de 40 obras publicadas para o público infantil e juvenil. Vários prêmios e trabalhos realizados em teatro e TV.

Rosana Rios - Autora premiada de literatura infantil e juvenil, com quase 100 obras publicadas. Arte-educadora e roteirista, suas obras podem ser conferidas no blog
rosana-rios.blogspot.com

Confira mais detalhes sobre os livros da série Segredo das Pedras no site www.segredodaspedras.com

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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Homenagem mais do que merecida à Professora Doutora Nelly Novaes Coelho

Confiram o convite para o Ato Solene que acontece nesta quinta-feira, 13 de novembro, a partir das 19h no Auditório Teotônio Vilela da Assembléia Legislativa de São Paulo, no Ibirapuera.


Nelly dispensa apresentações ou comentários. Ela é "apenas" a responsável por existir um Departamento de LIJ na USP, é autora do único Dicionário Crítico da LIJ Brasileira, autora de inúmeros livros sobre Literatura e Linguagem, especialista em Contos de Fadas, Literatura Portuguesa, Literatura Feminina, formou milhares de alunos e milhares de leitores. Uma grande mulher, apaixonada pelos livros, uma enciclopédia ambulante, uma das mais importantes promotoras de Cultura deste país, e além disso é a simpatia em pessoa.

A homenagem singela que a AEILIJ - Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, Regional de São Paulo, presta este ano a Nelly Novaes Coelho, é pequena diante do trabalho e do legado dessa professora, pesquisadora, escritora e amiga da Literatura.


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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Feira do Livro em Porto Alegre: livros, quadrinhos, bate-papos...



Estou de partida para Porto Alegre. A Feira do Livro, que se iniciou há alguns dias, agita o mundo cultural daquela cidade. A Feira acontece a céu aberto, na praça, com os estandes dedicados à Literatura Infantil e Juvenil abertos no cais do porto, às margens do Guaíba.

Sábado, dia 8 de novembro, às 19h, vou participar do evento Mutação na Feira, com a palestra sobre Histórias em Quadrinhos "Quando a ficção invade a realidade". Será na Casa do Pensamento, no Armazém A do Cais do Porto.


Domingo, dia 09 de novembro, participo do bate-papo Histórias no céu da boca, com os autores Hermes Bernardi Jr, Celso Sisto e Anna Claudia Ramos. Vamos falar sobre o processo de criação de nossas histórias e ler trechos de nossos livros... tudo isso na Arena das Histórias, no Armazém A1 do Cais do Porto.

Alé disso, irei a Morro Reuter e visitarei colégios na capital. Sem esquecer dos inevitáveis passeios na Feira e no centro da capital gaúcha, uma das cidades que mais festejam os livros, cidade de leitores e de artistas.
Quem estiver em Porto Alegre, apareça... vamos celebrar juntos uma das mais gostosas festas da Leitura neste país!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Leitura em Debate na Biblioteca Nacional



Na quinta-feira, dia 30/10, às 16h, vou participar de um debate sobre Leitura e Literatura Infantil e Juvenil na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, juntamente com Roger Mello, Ieda de Oliveira e Anna Claudia Ramos.
O debate será transmitido ao vivo, em tempo real pela Internet!

Para assistir, entrem no site www.institutoembratel.org.br às 16h e cliquem em TVPontocom.
Confiram!!!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Lançamento: Histórias do Tarô

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Será lançado este mês o livro Histórias do Tarô, com 22 autores - cada um escreveu um conto abordando um dos arcanos do Tarô. O resultado foi um livro diferente, em que as antigas lâminas divinatórias aparecem como arquétipos, símbolos da evolução humana, com sua seqüência servindo de fio condutor para as narrativas.
Por sorteio, coube a mim a sétima carta do Tarô, O Carro, e ela me levou a explorar um aspecto do mito de Fáeton, o filho de Apolo. Foi divertido escrever esse conto (O Filho do Sol) e discutir o papel masculino/feminino numa relação complicada.

O lançamento será:
Dia 18 de outubro, das 15 às 18h
Livraria Martins Fontes Paulista
Av. Paulista, 509 (na galeria, junto à esquina da Brig. Luiz Antônio)

E... que as cartas sejam lançadas!
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sábado, 27 de setembro de 2008

Encontro: Prática de Escrita

Dia 04 de outubro acontece o Encontro Prática de Escrita no Campus Anália Franco da UnicSul. Vários estudiosos e autores no campo da Literatura Fantástica estarão presentes.
Confira as informações e a programação...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

LITERATURA INFANTIL e CULINÁRIA na LIVRARIA DA VILA

No próximo sábado, 20 de setembro, mais uma vez a Editora Studio Nobel promove os livros da coleção “Para Ler e Saborear”, de Rosana Rios, com uma oficina de culinária, desta vez na Livraria da Vila!

Na unidade da vila Madalena (R. Fradique Coutinho, 915), das 16 às 17h, quem estiver presente à livraria vai descobrir porque as obras de literatura infantil e juvenil brincam tanto com esse tema: comida! E também poderá ouvir histórias, colocar a mão na massa e degustar uma delícia típica da culinária brasileira.

Rosana Rios, autora de literatura infantil com 20 anos de carreira e quase 100 livros publicados, estará lá para coordenar a oficina e autografar os livros.

Sábado, 20 de Setembro de 2008
VILA DA CRIANÇA - OFICINA DE CULINÁRIA - FRADIQUE

Rua Fradique Coutinho, 915 - Vila Madalena
Local: Café
Das 16h às 17h

sábado, 30 de agosto de 2008

Indicação ao Prêmio Jabuti 2008

Por essa eu não esperava...
Estava na quinta-feira passada à noite vendo TV, tentando distrair a cabeça da correria dos preparativos para o casamento do meu filho Marcos, quando o telefone toca e, ao atender, dou com a minha amiga Eliana Martins, de Niterói.
Ela avisou que acabava de sair a lista dos indicados ao Prêmio Jabuti 2008, da Câmara Brasileira do Livro. Na minha distração, eu nem lembrava da existência desse prêmio, e eis que descubro que meu livro HQs, quando a ficção invade a realidade, está entre os 10 finalistas na categoria Literatura Juvenil.

É claro que eu teria caído de costas se estivesse em pé mas, como estava sentada, fiquei ali, parada por um tempo, até entender direito o que estava acontecendo.
Esse livro foi publicado ano passado pela Ed. Scipione, numa edição caprichadíssima, e já foi indicado também ao troféu HQMix. Não teria saído tão lindo se não fosse pela dedicação dos profissionais da Scipione, os editores Maria Viana e Adilson Miguel, pela diretora de arte Marisa Martín e pelo ilustrador, Amilcar Pina.

A lista dos 10 indicados ao Jabuti 2008, na categoria Juvenil, está em:
http://www.premiojabuti.com.br/BR/resultadofase1cat.php?cat=75
E uma matéria simpática sobre a indicação pode ser lida no UOL Jovem, em:
http://jovem.uol.com.br/ultnot/ult4334u581.jhtm

E eis a resenha do livro que consta do site que eu divido com a colega Eliana Martins (também finalista do Jabuti este ano!):

HQs - Quando a ficção invade a realidade
Ilustrações de Amilcar Pinna
Editora: Scipione - 152 pgs.
Leitores: 7ª, 8ª séries
Edson (Déo) é um adolescente que adora desenhar e ler histórias em quadrinhos. Um dia, sem querer, ele e sua namorada Janaína (Naí) descobrem que um certo personagem está "saindo" das páginas das revistas e aterrorizando nosso mundo: todos os que o desenham acabam morrendo misteriosamente! Junto a Jan, um desenhista veterano, Déo e Naí vão combater esse perigoso personagem da única forma em que é possível transpor as fronteiras que separam a ficção da realidade: desenhando! HQs fala do mundo dos quadrinhos, citando dezenas de personagens clássicos e seus criadores. Acompanha o livro um glossário sobre a história dos quadrinhos no mundo, listando artistas e personagens amados pelas crianças e jovens.

Quero agradecer a todos os amigos e editores que estão mandando mensagens de parabéns. Nós, escritores de Literatura Infantil e Juvenil nem sempre somos valorizados como profissionais do livro, e é num momento destes, de reconhecimento, que a gente sente que o trabalho vale a pena!
:-D

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Lançamento na Bienal do Livro: GAME OVER


Em 1998, lancei o livro GAME OVER pela ed.Moderna. Agora estou relançando a obra, numa edição atualizada, revista, de cara nova e casa editora nova! O livro sai na primeira leva da nova coleção da Giz Editorial, com obras de literatura fantástica para jovens leitores.

Lançamento na Bienal do Livro
Dia 16 de agosto de 2008,
sábado, às 16h


COLEÇÃO UNIVERSO FANTÁSTICO

Giz Editorial

Para saber mais sobre os livros da coleção e as propostas da Giz,
visite www.gizeditorial.com.br


20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2008
De 14 a 24 de Agosto de 2008, das 10h às 22h
Parque de Exposições Anhembi
Avenida Olavo Fontoura, 1.209 - Travessa Literária, Rua O

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Há 20 anos...


Era 1988.
A décima edição da Bienal do Livro de São Paulo aconteceu no mês de agosto, no pavilhão da Bienal no Ibirapuera.
Foi lá, nesse mês e ano, que eu lancei meus primeiros livros... dia 28 de agosto, às 14h30, no estande da Editora Scipione.
Ainda tenho o logo do evento, em meu álbum de lembranças literárias, assim como artigos de jornais e o folheto da editora anunciando o lançamento.

É inevitável relembrar, agora que chega o mês de agosto de 2008, e a vigésima Bienal do Livro se aproxima. Vinte anos se passaram e, dos livros que lancei naquela época, só O Dragão Comilão continua em catálogo. É como se fosse um sinal, uma mensagem de que meus livros seriam recebidos sob o signo do dragão...

Eu não sabia, em agosto de 1988, que iria receber alguns prêmios literários importantes. Que poderia, depois de algum tempo, viver da Literatura. Que em duas décadas iria publicar por volta de 100 livros. Que começaria uma coleção de dragões que está longe de acabar...
Nem que ao entrar no mundo da Literatura iria conhecer tanta gente querida, fazer tantos amigos, visitar bibliotecas fantásticas pelo mundo, aumentar muito a minha própria biblioteca.

Foram vinte anos de leituras, de escritas, de luta com as palavras, de dificuldades e de surpresas.
E passaram depressa demais para o meu gosto!
Que venham mais vinte.

Rios, Rosana. O Dragão Comilão. São Paulo: Ed. Scipione, 1988.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Oficina de Culinária



Foi muito agradável encontrar amigos e familiares no evento de sábado! Havia um bom número de crianças na livraria, e elas participaram com gosto da oficina. Contei o começo de algumas
histórias que falam em alimentos, e os pequenos iam completando...

Depois li um trecho de um dos meus livros, que conta uma lenda sobre a origem do queijo... e então iniciamos a oficina. Todas as crianças participaram, ajudando a misturar a massa e a enrolar os docinhos. Claro que o ponto alto foi a degustação! Em seguida, houve os autógrafos e muito, muito bate-papo!

O ambiente da FNAC, junto ao café, é gostoso e aconchegante, eu adoro fazer lançamentos lá. Ficou provado que livros, crianças e doces formam uma boa combinação! Muitas fotos registraram o evento, eis algumas delas.

Em setembro terei outra oficina de culinária, desta vez na Livraria da Vila da Rua Fradique Coutinho. Quem perdeu a primeira, poderá aproveitar o novo encontro... muito, muito doce!
Fotos de Celso Calixto

terça-feira, 15 de julho de 2008

Oficina de Culinária na Fnac Paulista


Muitas obras de literatura infantil e juvenil (para não dizer todas) tocam nesse tema fascinante: comida.

Pensando nisso, a Editora Studio Nobel e a FNAC Paulista convidam para uma festa que celebra Literatura e Culinária!
Haverá o relançamento da coleção Para Ler e Saborear, com 4 livros de Rosana Rios, e uma Oficina de Culinária para pais e filhos, ou para quem estiver presente na livraria.

Coleção Para Ler e Saborear:
A cidade, os erres e as rosquinhas de coco
Pôr do sol e pão de queijo
Um quadro na parede e doce de abóbora no tacho
A vassoura voadora e os brigadeiros de chocolate

Sábado, 26 de julho, das 14h às 16h
FNAC Paulista - Fórum
Av. Paulista, 901 - São Paulo

domingo, 6 de julho de 2008

Relatório: Encontro do Grupo de Estudos de Literatura Fantástica


Mais uma vez ocoreu um encontro do GELF dentro do Fantasticon 2008, concomitantemente ao Encontro Internacional de RPG, promovido por Devir e Terramédia.

Era dia 5 de julho de 2008, na sala 115 do Colégio Marista Arquidiocesano, e nosso horário foi das 9h às 11h.
Houve algum atraso para começar, pois ninguém achava a sala! Mas depois algumas pessoas se encontraram naquele verdadeiro labirinto e o encontro contou com 16 presenças, sendo que 13 delas assinaram o Caderno Branco de presenças: Fábio "Quéé", Francisco "Aldaron", César "Elfhelm", Pedro Henrique, Amelina "Miluiel", Letícia, Carlos, Álvaro "Tar-Palantir", Iara, Thaís, Mônica "Nomi", Helena Gomes e Rosana "Shelob".

O tema, "Contos de Fadas: Arquétipos e Fantasia atraves dos séculos" foi discutido a partir de uma apostila elaborada com versões e análises sobre a história de Chapeuzinho Vermelho.

Foi feita a leitura do conto, na versão de Perrault, seguido por algumas comparações com a versão dos Irmãos Grimm e comentários de Bruno Bettelheim (A Psicanálise dos Contos de Fadas) sobre a simbologia e os elementos recorrentes do conto. Tais elementos aparecem em suas várias versões, incluindo-se versões arcaicas em que surgem fatos ainda mais bizarros do que o convite do lobo para que Chapeuzinho entre a cama com ele, como versões em que o lobo faz a menina comer a carne da avó e beber seu sangue. Depois foram lidos textos de autores diversos que se utilizaram dos elementos da história ou recontaram o conto de Capeuzinho: Monteiro Lobato, Aurélio de Oliveira e Raphael Draccon (que também estava presente ao Fantasticon!).

Houve muitas análises dos ditos elementos, como o chapéu (ou capa) que a garota recebe da avó, simbolizando um rito de passagem da avó para a neta; a floresta, sempre um arquétipo ligado às forças básicas, instintivas do ser humano; a cor vermelha (o sangue, a força da vida, a chegada da puberdade, o defloramento), o lobo (ícone presente em muitas culturas e mitos, inclusive totêmicos). E a comparação com fatos presentes no enredo de outros contos clássicos também, como Branca de Neve, Cinderela, e encerrando com uma narrativa de Os Sete Cisnes, de Andersen.

O assunto, por ser muito amplo, deve ser tetomado na Lista de Discussão!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Encontro do GELF dia 05/07/08

Mais uma vez o GELF - Grupo de Estudos de Literatura Fantástica - promove um encontro!
Será dentro do FANTASTICON 2008, a convenção de Fantasia que acontece uma vez por ano, junto com o Encontro Internacional de RPG, no Colégio Marista Arquidiocesano (Rua Domingos de Moraes, 2565, ao lado do Metrô Santa Cruz, na Vila Mariana, em São Paulo.

Nosso encontro será no sábado, dia 5 de julho, das 9h às 11h na sala 115 do colégio.
Haverá um círculo de leitura compartilhada, com o tema:

Contos de Fadas: Arquétipos e Fantasia através dos séculos

Todos são bem-vindos! Venha ler e debater conosco esse assunto tão fascinante quanto amplo!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Uma história sobre a intolerância humana

A autora inglesa Celia Rees se dedica a escrever para adolescentes e jovens adultos, e em seus livros podemos encontrar e perceber algumas reminiscências de sua vida nas Midlands, além de sua paixão pela história americana. As obras Filha de Feiticeira e Sangue de Feiticeira são um bom exemplo dessas reminiscências, o primeiro volume começando nas plagas de Warwick, próximo a Birmingham, no centro da Inglaterra, e o segundo terminando junto à fronteira entre Estados Unidos e Canadá.

As obras tratam de uma história dentro da história. Alison Elllman, num Instituto de Pesquisa em Boston, estuda as páginas de um estranho diário, encontradas costuradas dentro de uma colcha antiqüíssima. A colcha parece pertencer ao tempo dos pioneiros, puritanos que saíram da Inglaterra buscando vida nova nas Américas. A autora das páginas é Mary Newbury, garota que viu a avó ser enforcada como feiticeira nos arredores de Warwick, e que possui uma percepção aguda das coisas espirituais. Mary se encontra a um passo da paranormalidade, e no século dezessete os dons que ela possui podem significar uma condenação por feitiçaria.

A trajetória de Mary, das Midlands até a Nova Inglaterra, e de lá pelas florestas norte-americanas, onde vai conviver com os povos nativos, é pesquisada por Alison não apenas nas páginas do diário, mas em raros documentos preservados há mais de três séculos; e ela só se completa quando a pesquisadora encontra Agnes Herne, jovem deste século, descendente da nação mohawk. Existe uma ligação misteriosa entre Agnes e Mary, e a paranormalidade de ambas converge para desvendar mais aventuras, agora mergulhando no universo dos índios de várias nacionalidades, cujas culturas quase desapareceram quando suas terras foram invadidas e tomadas pelos europeus. A história parece emular os intricados bordados da colcha misteriosa, e envereda pelas tradições nativas, envolvendo não apenas os puritanos mas jesuítas, exploradores franceses e várias nações indígenas em conflito.

Nestes dois livros, Filha de Feiticeira e Sangue de Feiticeira, as tradições xamanísticas que Mircea Eliade e Joseph Campbell tanto estudaram aparecem claramente, ligando num intricado tecido tanto crenças européias pré-cristãs quanto práticas de povos nativos, e mostrando o quanto a intolerância humana – que infelizmente não se limitou ao século dezessete, mas permanece até os dias de hoje – pode destruir vidas e culturas inteiras, tudo em nome de um fanatismo ridículo e injustificado, que teme o que não conhece. Há lições a serem aprendidas aqui, mas que provavelmente não serão vivenciadas pelos herdeiros dos intolerantes daqueles tempos, que, ainda hoje, queimariam as cópias da bela ficção de Celia Rees. Esta excelente autora pode ser visitada em seu site, www.celiarees.com. E, sem dúvida, merece ser visitada também na trama que, com tanta delicadeza e talento, teceu.

Rees, Celia . Sangue de Feiticeira (Witch Child). Tradução de Manuel Paulo Ferreira. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Rees, Celia. Sangue de Feiticeira (Sorcerer). Tradução de Manuel Paulo Ferreira. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

terça-feira, 17 de junho de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Show de Estréia da Banda “Soul Dream”

Minha filha Regina é vocalista da banda Soul Dream, uma banda cover de Within Temptation. A estréia da SD será sábado próximo, dia 31 de maio, na casa noturna Ocean Club, que terá várias bandas tocando em sua Noite Medieval.

O evento acontece das 22 às 6h, na noite de sábado, e a Soul Dream deve se apresentar no Palco 1, num show de uns 45 minutos, por volta de meia-noite. Os preços da Ocean Club são 20 reais para homens e 15 reais para mulheres. A imagem acima é do folheto do evento. E, pelo que eu soube, a banda vai surpreender pela qualidade dos músicos e da vocalista!Estarei lá, sem falta...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Prêmio HQMix 2008

Acabo de descobrir que meu livro HQs – Quando a ficção invade a realidade é finalista do prêmio HQmix 2006, na categoria “Adaptação para outro veículo”. Isso é muito legal, apesar de que será impossível vencer a adaptação de 300 ou de Spidermen 3 para o cinema. De qualquer forma, fiquei feliz! Esse livro só está me dando alegrias...

Eis algumas informações sobre o prêmio e a categoria em questão, tiradas do site http://www.hqmix.com.br/.

Dia 23 de julho de 2008 acontecerá no SESC Pompéia a festa de entrega do 20° Troféu HQMIX.

Com apresentação de Serginho Groisman e sua banda, apoio do SESC Pompéia, o Troféu HQMIX chega à sua 20ª edição. É um histórico de sucesso de um evento que é reconhecido internacionalmente como um dos principais no mundo. A votação é feita nesse mês de maio após as indicações da Comissão de Organização capitaneada pela Associação dos Cartunistas do Brasil-ACB e do Instituto Memorial das Artes Gráficas do Brasil – IMAG. São cerca de 1.200 profissionais da área que votam nos 45 itens, escolhendo os melhores do ano que passou. A auditoria é feita pelo Dr. Edwin Ferreira Britto do Tribunal de Ética da OAB.
Neste ano a presidência do Evento é da professora e escritora Sonia Bibe-Luyten.
Além dos criadores do prêmio, Jal e Gualberto Costa, já presidiram o evento, Orlando Pedroso e Zélio Alves Pinto.
A cada ano os itens sofrem alguma modificação por conta do surgimento de novas plataformas de mercado e para isso foram formadas comissões de estudo.
São 20 anos iniciados no programa TV MIX(1988) da TV Gazeta em São Paulo, apresentado por Serginho Groisman com a participação de Jal e Gual.

39) Adaptação para outro veículo
1º Salão Mackenzie De Humor E Quadrinhos – Documentário
300 – Filme
Carlos Zéfiro – Calendário (Cervejaria Devassa)
Homem Aranha 3 - Filme
Hqs - Quando A Ficção Invade A Realidade - Romance (Rosana Rios)
Três Irmãos De Sangue – Documentário
Turma Da Mônica – Uma Aventura No Tempo

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O Museu da Propaganda Bizarra

Alguns comerciais da tevê me fazem acionar o controle remoto na hora, e mudar de canal para qualquer um que não esteja no intervalo comercial. Um dos que mais me irritam ultimamente é o que inclui três mulheres vestidas de rosa choque vendendo o tal Vanish Poder Ó Dois. É só eu ter um vislumbre de cor-de-rosa que >bip!< troco de canal.

Daí comecei a pensar na quantidade absurda de comerciais ruins ou irritantes ou simplesmente sem sentido que infestam a televisão, e isso desde que eu me conheço por gente! Quando eu era criança havia um comercial da cera Parquetina em que um sujeito que parecia saído de um filme do Buster Keaton sapateava em um chão liso todo encerado, com uma cara atônita... ou será que era um comercial de graxa para sapatos Nugget? Bom, levando em consideração que isso foi há mais de quarenta anos, é natural eu não me lembrar, mas lembro muito bem que eu já detestava tanto os comerciais da Parquetina quanto os da Nugguet. Eram ruins, irritantes e sem sentido...

No decorrer dos anos isso me aconteceu centenas de vezes: assistir propagandas tão idiotas que me fazem rejeitar o produto. Eu, por exemplo, jamais comprarei o tal Vanish Poder Ó Dois, só de raiva. Já é péssimo as emissoras cortarem os filmes e seriados que a gente está assistindo no meio de uma frase; mas quando se assiste a uma história emocionante, e de repente a imagem some dando lugar a um garoto chato dizendo que quer “fazer cocô na casa do Pedrinho”, só mesmo mudando de canal! >bip!<

Os comerciais campeões no quesito bizarro ou absurdo ultimamente são os de creme dental. Há alguns anos circulava um em que uma mulher andando pela mata chegava a um rio, via um castor dentuço (em desenho animado) e perguntava “Oh, Senhor Castor, como faz para ter dentes tão brancos?” e o animal, explicava que usava o creme dental Colgate. Faz muito sentido, porque, como todo mundo sabe, castores (animais que existem na América do Norte, Europa e Ásia, não aqui) usam seus grandes dentes para cortar galhos de árvores e fazer diques para proteger sua toca. Logo, é claro que eles devem usar o creme dental Colgate com suas escovinhas de castores, em seus banheirinhos de castores lá no fundo do dique. Muito educativa, a propaganda.

O que me lembra os comerciais de enxaguantes bucais, outra categoria que abusa da boa vontade do espectador. Aquela do sujeito botando a boca num hidrante aberto; ou a do infeliz se olhando no espelho quando aparece uma repórter com equipe de tevê completa dentro do banheiro para saber se a boca dele está limpa; ou a dos Mythbusters mostrando com uma lente os germes verdes nojentos na boca de um deles; são todos exemplares e fazem com que eu me recuse a comprar aqueles produtos, pois já que os profissionais dessas empresas são tão estúpidos a ponto de aprovar comerciais ridículos, tudo indica que mantenham a estupidez também na hora de fabricar os produtos. Resultado: confiabilidade zero. >bip!<

Não podemos nos esquecer também do comercial do idiota que cola os sapatos no teto com SuperBonder. Ou a do limpador de privadas Pato (que faz “Quééé!”, e portanto deve ser um bom limpador de privadas, como todo pato). Ou a do exército de baratas que vão invadir a casa protegida pela barreira vermelha de Mortein (nunca ocorreu às sumidades que criam comerciais que metade do mundo, inclusive eu, tem nojo, pavor, ojeriza de baratas?) A lista não tem fim...

Fica aqui a minha sugestão: senhores publicitários, senhores donos de empresas anunciantes, senhores gerentes das emissoras: pensem duas, três, dez, cem vezes antes de aprovar um filme comercial para suas empresas. Pois o que vocês andam considerando “criatividade” não passa de burrice: tem muito consumidor por aí desistindo de comprar certos produtos ou de assistir certos canais por causa de seus comerciais. Ruins, irritantes, sem sentido.

A foto acima é do verdadeiro Senhor Castor...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Neil Gaiman: “Neverwhere”

Chama-se Lugar nenhum este livro do autor inglês Neil Gaiman, publicado pela editora Conrad, com tradução de Juliana Lemos . Como sempre, li em poucos dias (para não dizer que devorei), porque quando a gente abre uma história de Gaiman não consegue fechar o livro... Esta não é considerada uma das mais importantes obras do autor, mas tem todas as saborosas características da literatura desse inglês excêntrico que se popularizou como roteirista de quadrinhos, e que passeia pelos mundos de fantasia com tanta segurança quanto a que tem Sandman, o senhor dos sonhos, ao passear por seus domínios oníricos.

Neverwhere (Lugar nenhum) conta a história de Richard Mayhew, um rapaz bastante comum, que mora num apartamento alugado em Londres, tem um emprego burocrático e namora Jessica, moça elegante e intelectual. Até o dia em que socorre uma garota suja caída na rua, e de repente se vê envolvido numa aventura complicada em uma outra Londres, que fica sob a normal - e que abriga criaturas bizarras, improváveis, cruéis, patéticas. É lá, nesse lugar nenhum, limbo em que a existência fica suspensa e nada é o que parece, que a vida dele mudará radicalmente, e a garota, chamada Door, o fará transformar-se de um jovem inseguro num guerreiro capaz de sobreviver em ambiente hostil, entre intrigas e alianças políticas, confrontos sangrentos e traições pungentes.

Ler esse livro é um prazer imenso, pela fluência da narrativa, pelas referências intertextuais e pela empatia com as personagens; e o prazer se torna indizível para quem conhece Londres. As ruas da cidade, as praças e estações de metrô de repente têm seus nomes transformados em personagens; daí surgem trocadilhos ricos, saborosos e que provocam na gente aquele meio-sorriso de quem sabe que poucas pessoas entenderiam do quê a gente está rindo – sendo Neil Gaiman uma delas.

Essa cumplicidade autor-leitor é uma das forças de Gaiman. Como em outros de seus livros, Stardust, Deuses Americanos (American Gods) e Os Filhos de Anansi (Anansi Boys), Neverwhere apresenta um protagonista que desejaria apenas ser um sujeito comum e cuidar da sua vida, mas que pela força das circunstâncias é jogado em um universo ao avesso, fantástico, mirabolante, em que as regras são outras e a crueldade cai sobre os invasores com uma inevitabilidade dolorosa. Existem ecos dos outros heróis improváveis de Gaiman em Richard : Tristran Thorn, o garoto que só desejava encontrar uma estrela cadente e que acaba penetrando no reino de Faerie; Shadow, o ex-presidiário que só queria reencontrar a esposa mas que se envolve numa guerra implacável entre deuses de mitologias passadas e deuses do mundo globalizado; Fat Charlie, que só queria se ver livre da lembrança de seu bizarro pai, mas que descobre ser na verdade descendente de um deus ancestral e irremediavelmente ligado a um irmão estranho... Gaiman trata da perplexidade do homem comum (que, contudo, não era tão comum quanto acreditava ser) diante do inevitável, e das escolhas difíceis que tem de fazer. Esse é o elemento recorrente de todas essas obras. E é aquilo que nos agarra pela goela e não nos deixa fechar o livro enquanto a ficção não revela seus segredos ao leitor.

E que venham mais segredos e mais obras desse inglês doido, endoidecedor e senhor dos sonhos!

domingo, 23 de março de 2008

Arthur C. Clarke

Acho que ninguém passou imune pela experiência de assistir a 2001 - uma Odisséia no Espaço. Eu, certamente, não passei. É claro que os mais jovens têm uma desvantagem: depois de ver dezenas de episódios de seriados de Ficção Científica na TV, e de testemunhar os efeitos especiais de sagas de fantasia e FC no cinema, o que esse 2001 de Stanley Kubric mostra não é tão bombástico, nem tão impactante. Porém, para quem viu décadas atrás, antes que a ILM de Lucas inovasse nesse quesito cinematográfico, o filme (e o livro) de Arthur C. Clarke impressionaram. Foi um marco, um desses momentos em que o tempo e o espaço param e fazem a gente pensar – como se estivéssemos presos no horizonte de eventos de um buraco negro.

O autor, que faleceu na semana passada, foi um dos 3 pilares do chamado ABC da Ficção Científica: Asimov, Bradbury, Clarke. Li esses 3 – mais H.G.Wells – na década de 70, e é difícil pensar em autores mais influentes no imaginário do leitor. Eles mantinham aceso o maravilhamento que nós tínhamos na época a respeito da exploração do espaço... a sensação de que o futuro era algo incrível, em que haveria paz, harmonia e a ciência solucionaria todos os problemas. O mesmo deslumbramento de quem esperou até a madrugada diante da TV para ver Neil Armstrong pisar na Lua; de quem sonhou que o século XXIII concebido por Gene Rodenberry se tornasse real. Viajar pelo espaço infinito, indo onde nenhum homem jamais esteve, sabendo que a Terra deixada para trás era um mundo pacífico e sem guerras – e, quem sabe, flutuar na gravidade zero ao som do Danúbio Azul de Strauss...

Fica aqui minha homenagem a um dos autores que um dia me despertaram esses sentimentos, e que acreditavam no futuro do ser humano. Um sujeito como Clarke, que apesar de ser mundialmente famoso, como autor do maior clássico de FC de todos os tempos, optou por ir morar não em Paris, Londres ou New York, mas no Sri Lanka, um país sem o glamour das grandes capitais mas cheio de tradição e espiritualidade. Hail, Arthur. Não foi à toa que você recebeu o nome do maior de todos os Reis míticos, o que foi e o que será. Eu o saúdo.

domingo, 16 de março de 2008

Desestressando...

Passei a manhã de hoje estourando as bolinhas de um pedaço de plástico-bolha (esse aí ao lado). Acho que não tem coisa mais desestressante. A verdade é que, nestes nossos dias paulistanos recheados de estresse e problemas, estamos sempre procurando fórmulas de liberar o nervosismo, desligar a cabeça das encrencas, esquecer as mágoas.
Quem não anda atrás de jeitinhos para soltar a válvula de escape do estresse? Eis alguns dos meus métodos preferidos:
* Bolhaterapia: pegar um pedaço de plástico-bolha e estourar todas as bolinhas.
* Besteirolterapia: localizar na TV filmes de besteirol-adolescente ou filmes chineses antigos dublados em inglês. Você ri até chorar.
* Pulgoterapia: pegar o cachorro no colo e fazer varredura completa do pêlo, porque sempre aparecem algumas pulguinhas clandestinas - matar pulgas estouradamente é uma das coisas mais antiestressantes que existem.
* Ler gibis antigos do Pato Donald ou da Turma da Mônica (mas têm de ser antigos, com pelo menos 20 anos).
* Fazer doces. Uma hora na cozinha derretendo chocolate, batendo claras em neve ou montando tortas, bolos, pudins, doces em camadas, saladas de frutas com sorvete e chantili... isso não só desestressa como libera endorfinas (e calorias também, mas...)!
Ficam as sugestões, e se alguém souber de outras, mande para cá. Vamos acabar com o estresse, esse mal terrível que corrói o nosso bom-humor!

domingo, 9 de março de 2008

Tudo Bem no Bamba

1986. Fazem 22 anos, e parece que foi ontem... Meu primeiro trabalho escrevendo para crianças não foi com livros, foi escrevendo roteiros de TV. Nesse ano, 86, eu passei a fazer parte da equipe de roteiristas do programa Bambalalão, da TV Cultura de São Paulo.

Durante 4 anos frenéticos escrevi teleteatros para o bloco central do programa (foram 233), contos para o contador de histórias narrar (foram 150), bonecovelas, esquetes para os atores, mini-seriados... Trabalhar no Bamba era sempre uma surpresa, uma descoberta, um desafio.

Durante 4 anos vertiginosos eu convivi com aquelas pessoas talentosas: Memélia de Carvalho, Gigi Anheli, Silvana Teixeira, João Acaiabe, Helen Helene, Dulce Muniz, Fernando Gomes, Chiquinho Brandão, Gérson de Abreu, Carlos Barreto, Álvaro Petersen, Mauro Padovani, Claudio Chekmati, Carla Masumoto, Jésus Seda e mais um monte de alegres palhaços e outros atores e bonequeiros fantásticos. Sem esquecer os Diretores, o pessoal da área educativa, que assegurava a qualidade pedagógica dos roteiros, e de toda a equipe técnica que ajudou a fazer um dos programas infantis mais criativos da TV brasileira. Os outros roteiristas também eram escritores maravilhosos, e com todos eles eu fui aprendendo não só a escrever para crianças e jovens, mas fui percebendo o verdadeiro sentido de se contar uma história bem contada e capaz de encantar olhos e ouvidos, de deixar marcas, de perpetuar lembranças.

A responsável por eu ter entrado nesse mundo maluco e fascinante que é a televisão foi a queria Memélia, Maria Amélia Magno de Carvalho, que me incentivou a escrever sem parar até que fui aceita no time. Se não fosse por essa grande amiga, talvez eu não tivesse me tornado uma escritora...

O Bambalalão esteve no ar por 10 anos, de 1980 a 1990. Foi um marco na nossa televisão, e provou que é possível se fazer programas infantis de qualidade e capazes de encantar os telespectadores – sem vender nada, sem grandes recursos técnicos, sem hipocrisia, sem comprometimento ético. Era um programa honesto, vivo, e dava espaço para a criatividade do time todo. Fui muito feliz por ter trabalhado com todos eles, ainda hoje queridos amigos meus, embora alguns já tenham partido. Fica a saudade e a certeza de ter feito parte da história da TV Brasileira. Tudo bem no Bamba. Para sempre!

Foto 1: Acaiabe conta história e Beiral (Álvaro) faz um desenho.
Foto 2: Silvana e Dulce representam uma das minhas histórias.
Foto 3: Gigi, Pam-Pam e Silvana abrem o programa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

No Pátio do Colégio

Janeiro lá se foi, mas deixou uma alegria: desta vez, comomorei o aniversário de São Paulo no próprio lugar em que a cidade nasceu, isto é: no Pátio do Colégio - ou, como ainda hoje se escreve, Pateo do Collegio. Estive lá com meu marido, uma prima e um cunhado, em um evento do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que incluiu uma sessão solene na Capela do Pátio, dedicada a Anchieta, um delicioso café ao som das apresentações de violão e canto (apresentando MPB antiga) e o lançamento do livro do historiador Hernani Donato, "Pateo do Collegio, coraçao de São Paulo". Fomos representar oficialmente na solenidade a família de Benedicto Calixto de Jesus, antigo membro do Instituto Histórico e que tanto retratou nossa cidade no passado.
Foi emocionante ouvir as falas dos palestrantes e imaginar, naquele exato local, 454 anos antes, os jesuítas comemorando o erguimento da capela, que para eles era casa, local de oração e colégio. Há cidades que nascem de uma feira, outras começam numa igreja, outras são inauguradas por desbravadores e conquistadores. São Paulo nasceu de uma escola... talvez isso explique a inconfundível vocação didática desta cidade, que, enquanto cresce, ensina - às vezes de maneira dura, até cruel, mas ensina sempre, para quem está disposto a aprender.
São Paulo é imensa, é múltipla, é mutante. Uma citação antiga dizia: "São Paulo não pode parar..." Mas nao é verdade; a cidade pára, às vezes, como parou naquela tarde em que nós também paramos para pensar nos séculos repletos de ensinamentos que se passaram - desde um dia distante, na colina entre o Tamanduateí e o Anhangabaú, em que um punhado de missionários egueram uma casinha de pau-a-pique e a chamaram Collegio.

Em tempo: a foto acima é de Gilberto Calixto Rios, irmão de meu marido Celso.

sábado, 19 de janeiro de 2008

São Paulo, minha cidade

Esta fotografia foi tirada durante um passeio com amigos no alto do prédio do Banespa, no centro da cidade. A vista é maravilhosa, exuberante, e olha que a gente só abrange um pedaço da imensidão que é São Paulo... não é tão alto quanto subir no Empire State, mas – guardadas as proporções – é tão emocionante quanto.

Dia 25 de janeiro é aniversário de São Paulo. Completa 454 anos, do dia em que os padres Manuel da Nóbrega e Anchieta rezaram lá entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, e dedicaram a igrejinha que ergueram e a vila que se iniciava ao apóstolo dos gentios. Não consigo achar nada mais adequado para se batizar uma cidade do que a homenagem a Paulo de Tarso. Ele foi aquele que abraçou o Cristianismo tardiamente, mudando de caminho numa conversão radical, e a partir daí mergulhando num turbilhão de perseguições e desenganos. É que São Paulo, para muita gente, tem esse caráter de recomeço, mudança de caminho, reconstrução de vida. Mesmo para mim, que nasci aqui, no estado de São Paulo, cidade de São Paulo, maternidade São Paulo (aquela pertinho da avenida Paulista), a vida é uma sucessão de sustos, mudanças, escolhas e novos começos. Sempre.

Logo que este ano começou meu marido encontrou uma raridade num sebo de discos: a gravação da Paulistana, retrato de uma cidade, de Billy Blanco. É uma quase-sinfonia, uma suíte com 15 canções sobre a metrópole. Muita gente conhece uma delas, a que é tocada todo dia às 7 da manhã na rádio Jovem Pan; e nós, paulistanos, não podemos deixar de sentir a emoção do amanhecer da cidade ao ouvir o refrão:

São Paulo que amanhece trabalhando

São Paulo que não pode adormecer...

Eu me emociono, sei lá por quê. Talvez seja porque apesar de todos os problemas, confusões e congestionamentos, adoro minha cidade, e não queria viver em nenhum outro lugar do mundo.