domingo, 23 de março de 2008

Arthur C. Clarke

Acho que ninguém passou imune pela experiência de assistir a 2001 - uma Odisséia no Espaço. Eu, certamente, não passei. É claro que os mais jovens têm uma desvantagem: depois de ver dezenas de episódios de seriados de Ficção Científica na TV, e de testemunhar os efeitos especiais de sagas de fantasia e FC no cinema, o que esse 2001 de Stanley Kubric mostra não é tão bombástico, nem tão impactante. Porém, para quem viu décadas atrás, antes que a ILM de Lucas inovasse nesse quesito cinematográfico, o filme (e o livro) de Arthur C. Clarke impressionaram. Foi um marco, um desses momentos em que o tempo e o espaço param e fazem a gente pensar – como se estivéssemos presos no horizonte de eventos de um buraco negro.

O autor, que faleceu na semana passada, foi um dos 3 pilares do chamado ABC da Ficção Científica: Asimov, Bradbury, Clarke. Li esses 3 – mais H.G.Wells – na década de 70, e é difícil pensar em autores mais influentes no imaginário do leitor. Eles mantinham aceso o maravilhamento que nós tínhamos na época a respeito da exploração do espaço... a sensação de que o futuro era algo incrível, em que haveria paz, harmonia e a ciência solucionaria todos os problemas. O mesmo deslumbramento de quem esperou até a madrugada diante da TV para ver Neil Armstrong pisar na Lua; de quem sonhou que o século XXIII concebido por Gene Rodenberry se tornasse real. Viajar pelo espaço infinito, indo onde nenhum homem jamais esteve, sabendo que a Terra deixada para trás era um mundo pacífico e sem guerras – e, quem sabe, flutuar na gravidade zero ao som do Danúbio Azul de Strauss...

Fica aqui minha homenagem a um dos autores que um dia me despertaram esses sentimentos, e que acreditavam no futuro do ser humano. Um sujeito como Clarke, que apesar de ser mundialmente famoso, como autor do maior clássico de FC de todos os tempos, optou por ir morar não em Paris, Londres ou New York, mas no Sri Lanka, um país sem o glamour das grandes capitais mas cheio de tradição e espiritualidade. Hail, Arthur. Não foi à toa que você recebeu o nome do maior de todos os Reis míticos, o que foi e o que será. Eu o saúdo.

domingo, 16 de março de 2008

Desestressando...

Passei a manhã de hoje estourando as bolinhas de um pedaço de plástico-bolha (esse aí ao lado). Acho que não tem coisa mais desestressante. A verdade é que, nestes nossos dias paulistanos recheados de estresse e problemas, estamos sempre procurando fórmulas de liberar o nervosismo, desligar a cabeça das encrencas, esquecer as mágoas.
Quem não anda atrás de jeitinhos para soltar a válvula de escape do estresse? Eis alguns dos meus métodos preferidos:
* Bolhaterapia: pegar um pedaço de plástico-bolha e estourar todas as bolinhas.
* Besteirolterapia: localizar na TV filmes de besteirol-adolescente ou filmes chineses antigos dublados em inglês. Você ri até chorar.
* Pulgoterapia: pegar o cachorro no colo e fazer varredura completa do pêlo, porque sempre aparecem algumas pulguinhas clandestinas - matar pulgas estouradamente é uma das coisas mais antiestressantes que existem.
* Ler gibis antigos do Pato Donald ou da Turma da Mônica (mas têm de ser antigos, com pelo menos 20 anos).
* Fazer doces. Uma hora na cozinha derretendo chocolate, batendo claras em neve ou montando tortas, bolos, pudins, doces em camadas, saladas de frutas com sorvete e chantili... isso não só desestressa como libera endorfinas (e calorias também, mas...)!
Ficam as sugestões, e se alguém souber de outras, mande para cá. Vamos acabar com o estresse, esse mal terrível que corrói o nosso bom-humor!

domingo, 9 de março de 2008

Tudo Bem no Bamba

1986. Fazem 22 anos, e parece que foi ontem... Meu primeiro trabalho escrevendo para crianças não foi com livros, foi escrevendo roteiros de TV. Nesse ano, 86, eu passei a fazer parte da equipe de roteiristas do programa Bambalalão, da TV Cultura de São Paulo.

Durante 4 anos frenéticos escrevi teleteatros para o bloco central do programa (foram 233), contos para o contador de histórias narrar (foram 150), bonecovelas, esquetes para os atores, mini-seriados... Trabalhar no Bamba era sempre uma surpresa, uma descoberta, um desafio.

Durante 4 anos vertiginosos eu convivi com aquelas pessoas talentosas: Memélia de Carvalho, Gigi Anheli, Silvana Teixeira, João Acaiabe, Helen Helene, Dulce Muniz, Fernando Gomes, Chiquinho Brandão, Gérson de Abreu, Carlos Barreto, Álvaro Petersen, Mauro Padovani, Claudio Chekmati, Carla Masumoto, Jésus Seda e mais um monte de alegres palhaços e outros atores e bonequeiros fantásticos. Sem esquecer os Diretores, o pessoal da área educativa, que assegurava a qualidade pedagógica dos roteiros, e de toda a equipe técnica que ajudou a fazer um dos programas infantis mais criativos da TV brasileira. Os outros roteiristas também eram escritores maravilhosos, e com todos eles eu fui aprendendo não só a escrever para crianças e jovens, mas fui percebendo o verdadeiro sentido de se contar uma história bem contada e capaz de encantar olhos e ouvidos, de deixar marcas, de perpetuar lembranças.

A responsável por eu ter entrado nesse mundo maluco e fascinante que é a televisão foi a queria Memélia, Maria Amélia Magno de Carvalho, que me incentivou a escrever sem parar até que fui aceita no time. Se não fosse por essa grande amiga, talvez eu não tivesse me tornado uma escritora...

O Bambalalão esteve no ar por 10 anos, de 1980 a 1990. Foi um marco na nossa televisão, e provou que é possível se fazer programas infantis de qualidade e capazes de encantar os telespectadores – sem vender nada, sem grandes recursos técnicos, sem hipocrisia, sem comprometimento ético. Era um programa honesto, vivo, e dava espaço para a criatividade do time todo. Fui muito feliz por ter trabalhado com todos eles, ainda hoje queridos amigos meus, embora alguns já tenham partido. Fica a saudade e a certeza de ter feito parte da história da TV Brasileira. Tudo bem no Bamba. Para sempre!

Foto 1: Acaiabe conta história e Beiral (Álvaro) faz um desenho.
Foto 2: Silvana e Dulce representam uma das minhas histórias.
Foto 3: Gigi, Pam-Pam e Silvana abrem o programa.