domingo, 20 de junho de 2010

Tambores da África

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O fato de eu não entender nada daquele esporte em que onze caras correm atrás de uma bola me afasta dessa onda verdeamarela que assola o país. Enquanto todo mundo está grudado na telinha, eu estou lendo ou escrevendo...
Mas uma coisa boa tem acontecido com o foco do mundo na África do Sul, e é o despertar da curiosidade das pessoas para com a cultura africana.
Múltipla, rica, diversa e fascinante, a arte africana - aí incluindo-se música, literatura e mitologia, indumentária etc. etc. etc. - tem sido alvo da mídia estes dias.
Ontem, no SESC Pompéia, houve uma série de apresentações e exposições sobre o assunto, em especial a música africana. O nome genérico do evento é "Viva South Africa"...

O grupo África Viva, do Senegal, deu um show no deck do SESC. Instrumentos artesanais como tambores inacreditavelmente lindos e um koni (instrumento originário da Gambia, parecido com o kora, mas com menor número de cordas) eram uma atração à parte.

Bonecos imensos como os do Recife desfilavam - um deles retratando Nelson Mandela.

Modelos exibiam a indumentária de alguns povos, especialmente o Zulu. Havia até um espaço em que você podia ser vestido com as coloridas roupas africanas para tirar fotos. Tinha uma fila enorme de gente querendo se sentir legitimamente afro!

Regina, minha filha, participou de um coral que apresentou uma seleção de canções africanas. A maioria era da África do Sul, com explicações maravilhosas dadas por uma artista nativa. Mas houve também a apresentação de alguns clássicos, como "The lion sleeps tonight" e "Pata Pata".

Impossível segurar o corpo quando os tambores da África começam e as palavras - cantadas nas diversas línguas do continente - se repetem, sonoras e incisivas. A gente não entende os significados, mas sente a alegria e a dor em cada palavra. Elas são quentes, cortantes.

E o corpo responde à percussão. As batidas do coração entram no ritmo, os quadris balançam, os pés batem no chão. Quando a gente percebe, está cantando e dançando junto com os cantores e músicos, como se um orixá brincalhão se imiscuísse entre uma batida cardíaca e outra, misturando-se ao fluxo do sangue e nos fazendo abandonar toda fleuma para embarcar no ritmo, na celebração.

Auimaue
Auimaue
auimaue, auimaue, auimaue, auimaue, auimaue, auimaue, auimaue,
Auimaue
auimaue, auimaue, auimaue, auimaue, auimaue, auimaue, auimaue,
Auimaue

Não é à toa que a batida da África está na raiz do samba, do jazz, do blues e, portanto, do rock. Os tambores africanos são mágicos, mexem com o mais profundo da gente e, como os sinos mágicos da ópera de Mozart , nos obrigam a dançar...

Salve, mãe África.
Seus tambores ressoam e meu corpo obedece.
Salve.
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